Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância e Juventude assinalado com trabalho na Figueira da Foz
«Tratar bem as crianças é preparar bem o futuro»
António Tavares
No passado dia 22 de abril de 2016, 50 técnicos de ação social, professores, psicólogos e outros profissionais das áreas da Saúde, Educação e Ação Social, estiveram reunidos na Sala Multiusos do Paço de Tavarede, no âmbito da Campanha do Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância e Juventude 2016, para um Workshop promovido pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Figueira da Foz e pelo Núcleo Distrital de Coimbra da EAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza, com o apoio da Câmara Municipal da Figueira da Foz e da Rede Interinstitucional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica da Figueira da Foz.
Na sessão de abertura dos trabalhos, o Vice-presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz e Vereador com o Pelouro da Ação Social, António Tavares, sublinhou a importância das intervenções preventivas que exigem conhecimento e acompanhamento das novas realidades familiares por parte dos técnicos. «As crianças precisam, sobretudo, da nossa atenção, tempo e disponibilidade» dos adultos, que têm o dever de as proteger «de desleixos e atrocidades», defendeu o autarca. «Todos gostaríamos de não ter de falar de maus tratos na infância e juventude, ou em qualquer idade, mas infelizmente existem e merecem uma atenção especial», acrescentou. «Tratar bem as crianças é preparar bem o futuro», concluiu, agradecendo a presença da especialista forense e investigadora Ana Isabel Sani, que orientou o Workshop.
Na Figueira da Foz, segundo fonte da CPCJ local, em 2015 foram acompanhados 455 casos, sendo que 11,33% das situações sinalizadas eram de violência sobre crianças ou jovens dos 0 aos 18 anos, sendo a maior parte das situações relativas a exposição a situações de violência doméstica. A grande maioria das participações foi feita pelas forças de segurança, na sequência de episódios de violência doméstica em que são chamadas a intervir. Destes 455 processos, 223 casos transitaram de 2014, por carecerem de acompanhamento mais prolongado; 153 eram novos processos e 79 reaberturas. Fragilidade e desestruturação familiar, dependências e comportamentos aditivos, bem como problemas de saúde mental estão na base de grande parte destes casos, que atravessam diferentes perfis sócio-económicos.
Diagnosticar, aferir da perigosidade das situações e propor acompanhamento e soluções aos agregados familiares é o trabalho das equipas multidisciplinares que estão no terreno e que privilegiam, sempre que possível, «medidas em meio natural de vida», sendo a institucionalização de menores uma solução «de fim de linha».