“Viver o Romed” na Figueira da Foz
A Câmara Municipal da Figueira da Foz organizou a 25 de fevereiro o workshop “Viver o Romed”, no Paço de Tavarede, no âmbito do Projeto ROMED 2, promovido pelo Conselho da Europa e União Europeia, com o objetivo de potenciar e apoiar a implementação dos vários eixos e prioridades definidas na Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas tendo por base a mediação.
Atualmente implementado em dez países europeus (Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, Hungria, Itália, Portugal, Eslováquia, Macedónia e Roménia), o ROMED2 teve a adesão da Câmara Municipal da Figueira da Foz em 2014, contando ainda com o envolvimento de mais oito autarquias portuguesas: Torres Vedras, Beja, Coimbra, Abrantes, Barcelos, Seixal, Elvas e Moura. No âmbito deste programa têm sido várias as iniciativas desenvolvidas na Figueira da Foz, procurando envolver simultaneamente a comunidade cigana, através do Grupo Ativo Comunitário Cigano (GACC) da Figueira da Foz. a sociedade maioritária, os parceiros do Conselho Local de Ação Social (CLAS) da Figueira da Foz e restantes redes sociais do Distrito de Coimbra.
Na abertura do encontro, o vice-presidente da autarquia figueirense e vereador do pelouro de Ação Social, António Tavares, destacou a importância da mediação para a boa relação e co-existência das comunidades, sublinhando a mais-valia da colaboração de Bruno Gonçalves, o cigano figueirense que é mediador, formador de mediadores e delegado nacional do programa Romed, bem como da Associação Letras Nómadas. Em 2015 várias iniciativas lograram da aproximação das duas comunidades, num conjunto de colaborações formais e informais, como por exemplo a colocação, bem sucedida, de seis pessoas da comunidade cigana no mercado de trabalho público, em serviços da autarquia, nomeadamente na Divisão da Cultura, no Departamento de Obras e na empresa municipal Figueira Domus.
Bruno Gonçalves apontou as questões da Educação, Formação e Emprego como essenciais para a integração. O dirigente sublinhou ainda a importância do GACC local para agilizar as sinergias necessárias à resolução das problemáticas associadas à comunidade cigana e para melhorar o acesso destes cidadãos à educação, emprego, saúde e justiça, incentivando a inclusão de cada um enquanto «cidadãos de plenos direitos e deveres e não meros sujeitos sociais».
O encontro «Viver Romed» contemplou, ao longo do dia, o trabalho de quatro grupos temáticos que juntaram técnicos da autarquia, membros do GACC, parceiros do CLAS da Figueira da Foz e restantes redes sociais do Distrito de Coimbra, em mesas dedicadas a debater a Saúde nas Comunidades Ciganas; a Educação, Emprego e Formação nas Comunidades Ciganas; a Cultura, Cidadania e Religião, e a Habitação. A necessidade de ampliar o intercâmbio cultural, de mais informação e melhor sensibilização para os diversos desafios que a boa convivência entre comunidades distintas mas coexistentes ainda representam, foram algumas das conclusões que deverão, agora, estar na base de diversas medidas de ação.
O encontro «Viver Romed» terminou com um balanço positivo.
«Saímos mais ricos daqui, todos contribuímos para minimizar as problemáticas que afetam as comunidades ciganas e vamos continuar a trabalhar, de igual para igual, olhos nos olhos, porque não queremos que façam por nós, não queremos estar de costas voltadas e somos capazes de fazer a diferença, passo a passo», resumiu Bruno Gonçalves.
Um momento cultural protagonizado pela dirigente cigana Olga Mariano, que partilhou com os presentes um poema intitulado «Ser Cigano», encerrou os trabalhos.
Mais da Cultura Cigana estará patente, a partir do próximo dia 8 de Abril, na exposição fotográfica «Figueira Cigana», na Sala Afonso Cruz, no CAE, com entrada livre.