Figueirenses presentes na 1º Grande Guerra inspiram obra de Fernando Pais e são mote para novo núcleo expositivo no Museu Municipal.
O Município da Figueira da Foz, sensível a todos os contributos para a sua história e consciente da importância do enorme trabalho de investigação relativo à presença dos portugueses na 1ª Grande Guerra, tanto em França como em África, levado a cabo pelo professor e historiador Fernando Pais, assumiu, desde a primeira hora, o compromisso de editar “Da Guerra à Paz, Figueirenses na 1º Grande Guerra” uma obra que, para o presidente da Câmara Municipal, Carlos Monteiro, é “uma homenagem aos jovens de outro tempo, aos seus familiares e todos os figueirenses que de mais perto sofreram o absurdo da guerra”.
Ao longo das 723 páginas, Fernando Pais leva-nos ao teatro de guerra com o enquadramento histórico, o surgimento do conflito na Europa e a entrada de Portugal no mesmo, assumindo a defesa das colónias portuguesas de Angola e Moçambique, e prescindindo da neutralidade inicialmente assumida.
A narrativa decorre, e no capítulo “in memorian”, identifica individualmente todos os figueirenses (por freguesia) que estiveram presentes em França e África.
A obra será colocada à venda à venda na próxima segunda-feira, dia 11 de outubro, precisamente um mês antes de se assinalar o 103º aniversário da assinatura do Armistício, e poderá ser adquirido por 12,00€ na Biblioteca Municipal Pedro Fernandes Tomás, no Museu Municipal Santos Rocha, no Quartel da Imagem e no Posto Municipal de Turismo.
Este livro deu o mote e serviu de base à intervenção recentemente realizada na Sala de Armaria da Exposição Permanente do Museu Municipal Santos Rocha. A vitrina dedicada à Primeira Guerra Mundial foi enriquecida com um conjunto de postais ilustrados enviados de França, das trincheiras da Primeira Guerra Mundial, ao longo dos anos de 1917 e 1918, pelo soldado figueirense Miguel Lopes, à sua noiva Amélia Maia, ambos naturais e moradores no Viso, freguesia de Buarcos do concelho da Figueira da Foz.
Para além de aspetos relativos à relação amorosa entre os protagonistas, encontram-se nestes postais referências aos soldados familiares do remetente, aos seus irmãos Arsénio e António Lopes e cunhado José Maia, que também envia um postal a sua irmã Amélia.
Também na Exposição Permanente do Museu, passou a figurar um quadro mural com os nomes de todos os soldados naturais da Figueira da Foz que estiveram na Guerra. Entre eles, encontram-se os personagens desta História, cujas biografias detalhadas podem ser lidas, entre muitas outras, na obra “Da Guerra à Paz, Figueirenses na 1º Grande Guerra”.
Este conjunto de postais foi doado ao Município da Figueira da Foz por Isabel Paiva, neta de Miguel Lopes e sobrinha-neta de José Maia. A doação foi aceite em Reunião de Câmara de 23 de agosto passado, mediante proposta do Museu Municipal, a cujo acervo passa a pertencer.
Espera-se que esta doação, o novo núcleo expositivo e a publicação do livro possam despertar o interesse dos figueirenses pelas memórias e pertences dos seus antepassados que combateram na Grande Guerra. O Museu Municipal Santos Rocha está ao serviço da comunidade para receber, estudar e divulgar objetos e testemunhos significativos.
Bio: Fernando Pais nasceu em Mouronho, concelho de Tábua. Após o liceu rumou a Coimbra onde fixou residência. Interrompeu os estudos para abraçar uma carreira na Informação Médica, da qual se retirou na viragem do milénio. Ingressou na Faculdade de Letras de Coimbra onde, numa primeira fase, concluiu a licenciatura em História e posteriormente obteve o grau de Mestre em História Moderna. Suspendeu o doutoramento para se dedicar a tempo inteiro à investigação em História Local, a sua área preferencial de pesquisa. Alguns dos seus mais relevantes trabalhos estão publicados, nomeadamente o seu último projeto, que envolve o estudo, por concelho, dos militares que participaram na 1.ª Grande Guerra.