«Carris na Duna» de Silvério Manata vence edição de 2020/2021 do Prémio Literário João Gaspar Simões
A edição de 200/2021 do Prémio Literário João Gaspar Simões, que teve como júri António Tavares, em representação do Município da Figueira da Foz, Maria João de Sousa Martins em representação da Direção Geral do Livro Arquivo e Bibliotecas, e Leonor Xavier, em representação da Sociedade Portuguesa de Autores, recebeu 86 obras, das quais 7 não foram consideradas por não cumprirem o ponto 5.2 do regulamento.
O júri reuniu no dia 02 de setembro e deliberou, por unanimidade, e após “debate sobre o mérito das obras concorrentes e atento o critério de exigência de qualidade literária, conforme ao prestígio do seu patrono e aos valores estéticos e literários por este pugnados, atribuir o prémio à obra «Carris na Duna», da autoria de Silvério Manata.
A escolha foi justificada pela “maturidade da escrita e a sua riqueza lexical, utilizadas de forma criativa pelo uso de termos e expressões regionais próprias das gentes gandaresas“.
A obra vencedora, “ cuja ação se desenrola no último quartel do século XIX, revisita a região das Gândaras numa altura em que se ensaiava a revolução dos transportes em Portugal e se instalou o caminho de ferro no litoral gandarês. Ao mesmo tempo, leva ao leitor o conhecimento do que era esse litoral pobre, donde se partia para o Brasil e para o Alentejo à procura de uma vida melhor.“
Para o júri “a narrativa desenrola-se de forma a prender o leitor, colocando questões pertinentes e atuais ao desenvolvimento das comunidades, ao mesmo tempo que apresenta, em fundo, um retrato da identidade histórica e geográfica da região das Gândaras, à qual ainda pertence o norte do concelho da Figueira da Foz.
Nesta edição não foram atribuídas quaisquer menções honrosas, uma vez que o júri concluiu não haver qualquer obra com merecido destaque.
Recordamos que o Prémio Literário João Gaspar Simões, instituído em 2009 pela Câmara Municipal da Figueira da Foz (CMFF), pretende incentivar a criação literária e dar a conhecer novas obras e autores, assim como contribuir para a valorização e promoção da literatura de qualidade, considerada elemento essencial para o desenvolvimento e enraizamento dos hábitos de leitura e também distinguir tão ilustre personalidade da história literária portuguesa como é João Gaspar Simões, figura grada da literatura nacional, romancista, dramaturgo, editor, crítico e tradutor.
O galardão é bienal, tendo sido atribuídos até à data 4 Prémios:
2010, o vencedor António Breda Carvalho, com a obra “O fotógrafo da Madeira”
2012/2013, Mário da Silva Carvalho com a obra “Diário de um carbonário”
2014/2015, Silvério Manata, com a obra “A bicicleta do ourives ambulante”
2016/2017, Isabel Rio Novo, com a obra “Madalena”
Em 2018/2019, o júri constituído por Luís Machado, António Tavares e Maria João de Sousa Martins não reconheceram em nenhuma obra a concurso qualidade de escrita a que fosse atribuído o prémio.
Biografia do vencedor:
Silvério de Jesus Manata nasceu em Carapelhos, Mira, em terras da Gândara, reside atualmente em Grândola. Licenciado em línguas e literaturas modernas, foi professor do ensino secundário até 1993, ano em que optou pela atividade empresarial de ourives e escritor.
Conta com 8 obras publicadas, “Contos da confraria” (2003) , “No reino dos Nabos” (2006), “Arneiro do mar-romance ao entardecer” (2009), Gandarilhos de Napoleão”, (2013), “A bicicleta do ourives ambulante” - Prémio literário João Gaspar Simões de 2015 e “Um silêncio de sombras” (2018).