Figueira da Foz recebe «Luto» um espetáculo da Rede Artéria



Tomando como ponto de partida o fogo de 15 de outubro de 2017, de tal modo violento que marca um antes e um depois na sua história, o espetáculo criado em Tábua para a Rede Artéria "Luto" debruça-se sobre as questões do trauma e da catástrofe.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz vai acolher o espetáculo «Luto», no âmbito da Rede Artéria, nos dias 30 e 31 de julho, sexta-feira e sábado, pelas 21h00, no espaço envolvente da Piscina Municipal do Paião.
O acesso é gratuito, para M12, devendo os bilhetes ser reservados através do e-mail: servico.educativo@cm-figfoz.pt ou do telefone 233 402 840 e posteriormente levantados no Museu Municipal Santos Rocha ou na Junta de Freguesia do Paião.
«Luto» é um espetáculo de André Braga e Cláudia Figueiredo que estreou em Tábua, a 19 de julho de 2019, resultado de um processo de criação artística da Circolando com o município e a população local. Anos antes, na fase de mapeamento cultural que a Rede Artéria efetuou no território, a comunidade tinha decidido trabalhar a partir da valorização do património ambiental, mal sabendo que tudo iria ser consumido pelo fogo.
«O fogo só terminou quando não havia mais que arder.»
A dupla significação do termo «luto», enquanto processo de lidar com a perda – de vidas humanas, de memórias, de espaços físicos – e enquanto verbo «lutar» – resiliência e empenho das populações e da natureza por imaginar outros futuros - foi o mote nuclear que estruturou o pensamento e áreas a abordar no espetáculo.
Os testemunhos recolhidos foram o material de partida para abordar dimensões que ultrapassam a esfera local do incêndio. A violência extrema do fogo e a sensação geral da proximidade do apocalipse fizeram a equipa criativa colocar a questão algures na iminência do fim, quando fica claro que é urgente uma nova filosofia, um novo pensamento, um ser político radicalmente diferente.
Depois da estreia em Tábua, o espetáculo ainda foi apresentado em Ourém, mas a «Luto» acrescentou-se a pandemia que a todos paralisou e confrontou com os desafios de um planeta que não consegue tolerar mais a forma como vivemos. «Luto» só voltaria a ser apresentado este ano, no Fundão, a 22 de maio, e agora, nos dias 30 e 31 de julho, para o público da Figueira da Foz.
A Rede Artéria na Figueira da Foz
Resultado de um processo de imersão na realidade local, com recolha de testemunhos de quem trabalhou e ainda trabalhava o sal, que juntou artistas profissionais e amadores num espetáculo de teatro-dança, «saal», de Filipa Francisco, foi a criação da Rede Artéria no Município da Figueira da Foz. As histórias das salinas, que estrearam na Costa de Lavos, em agosto de 2018, foram apresentadas posteriormente em Belmonte, Ourém e Fundão. E antes do espetáculo da Circolando que agora termina este ciclo, a Figueira da Foz recebeu as criações da Guarda e Viseu: «Labirinto», de Graeme Pulleyn, em setembro de 2018, e «Borralho», de Gonçalo Amorim / Teatro Experimental do Porto, em março de 2019.
A REDE ARTÉRIA é um projeto de intervenção sócio-cultural, com coordenação artística do Teatrão e académica do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que articula uma componente de programação cultural, criação, artística, acompanhamento científico e participação comunitária. Desde 2018, a REDE ARTÉRIA, cofinanciada pelo Centro 2020 - Programa Operacional Regional do Centro, tem promovido a criação e circulação de espetáculos em oito concelhos da Região Centro – Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu. A Rede junta artistas convidados a trabalhar nos contextos de cada um desses locais com os municípios, instituições académicas, agentes e estruturas sociais / culturais.
Desde 2018, esteve na origem de oito espetáculos originais: «Coimbra Sofia, Meu Amor!«, Trincheira Teatro; «Vagar», Marina Nabais; «A Rua Esquecida», Fernando Moreira / Astro Fingido; «saal», Filipa Francisco; «Labirinto», Graeme Pulleyn; «Borralho», Gonçalo Amorim / Teatro Experimental do Porto; «Luto», André Braga e Cláudia Figueiredo, «Caminho", de Filipa Francisco», que estrearam e circularam por Coimbra, Ourém, Fundão, Figueira da Foz, Guarda, Viseu, Tábua e Belmonte.
+ INF: www.redearteria.pt